Eles eram tão ricos! Venham mais impostos.
Impostos, taxas, contribuições e tributos são as palavras mais detestadas em todo o mundo e em todas as épocas. Os tributos não são proporcionalmente justos como os governantes pensam. Há 2.000 anos até Jesus Cristo lançou a confusão nas mentes dos fariseus maliciosos, deixando-os sem resposta, ao proferir a célebre frase «A Deus o que é de Deus, e a César o que é de César» à propósito de pagar ou não os impostos.
Existe uma rua em Santa Maria de Olivais (Lisboa) denominada Francisco Luís Gomes em homenagem àquele que foi médico, jornalista, escritor e deputado eleito por Goa em 1860. Nascido a 17 de Maio de 1829, formou-se em Medicina aos 20 anos de idade. Participou nas campanhas militares levadas a cabo naquela ex-colónia, colaborou em vários jornais e correspondeu-se com Vítor Hugo, Alphonse Lamartine e Stuart Mill. Escreveu algumas obras entre os quais, " Os Brahamanes" e “Le Marquis de Pombal” em francês. Faleceu a 30 de Setembro de 1869. Em sua homenagem foi erigida uma estátua no jardim municipal de Panaji, capital de Goa, um dos estados da Índia. Os Brahamanes, cuja primeira edição fora publicada em 1866, foi apresentada de novo ao público português em 1998 pela Editorial Minerva por ocasião dos 500 anos da ligação marítima entre a Índia e Portugal.
Nos dias idos como nos de hoje, nas Cortes Constituintes de Lisboa (Assembleia da República, presentemente) assistiu-se a debates acalorados entre os intervenientes. Francisco Luís Gomes, como deputado, num vibrante discurso, numa das sessões, provavelmente com isso pretendesse impressionar um deputado madeirense que considerava os goeses selvagens, declarou que os habitantes de Goa eram tão ricos que, após as refeições diárias, atiravam para o caixote do lixo os seus pratos sem os reutilizar. O efeito dessa declaração sensacional foi tal que o Governo de Lisboa preparou-se para lançar mais um imposto sobre a colónia de Goa. Gente que, após as refeições, não lavava os seus pratos e deitava-os fora todos os dias, só poderia ser muito rica, e por consequência mais um imposto vinha mesma a calhar, aliás, era para isso mesmo que as colónias existiam e serviam, sustentar os cofres dos reis e seus protegidos. Luís Gomes, preocupado com a medida, viu-se forçado a esclarecer que os seus irmãos de raça não faziam uso de pratos de fina porcelana, mas sim de folhas de bananeira de tenra e fresca qualidade!