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demolidor89

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Dança clássica indiana – Wikipédia, a enciclopédia livre

A"Surf Life Saving Goa- Índia" é uma organização que emprega nadadores-salvadores do Estado de Goa (ex-colónia de Portugal) e que opera nas praias mais frequentadas ao longo da costa que se estende por 105 km. São admitidos apenas jovens goeses dos dois sexos com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos, recrutados e treinados pela Special Rescue Training Academy Pvt Ltd que, por sua vez, tem protocolos firmados com instrutores da Cruz Vermelha de Hawai dos Estados Unidos e a Autoridade Internacional dos Instrutores de Salvamento sediada no Canada. São escolhidos jovens saudáveis e de boa compleição física, capazes de nadarem 400 metros em 11 minutos. Seguem-se 6 meses de intenso treino.

Datta Kamat, 23 anos, natural da cidade de Pondá, foi um dos que foram admitidos para esta perigosa tarefa. Nas horas vagas vai anotando no seu diário acontecimentos que ele considerava mais relevantes. Eis transcritas algumas passagens:

«...03/11/2014. Há um ano que estou colocado na praia de Majordá, na área do hotel de 5 estrelas, a Majorda Beach Resort. Faz hoje um mês que faleceram três turistas russos no alto mar para onde se tinham aventurado numa embarcação ilegal para observarem golfinhos. O piloto e o guia regressaram sãos e salvos mas foram detidos pela polícia de Margão assim que um amigo das vítimas, desconfiado com as suas ausências, deu o alerta. Turistas estrangeiros e nacionais, principalmente de terras do interior, situados longe do mar, desconhecedores da imensidão e perigos do Oceano Índico são vítimas da sua própria curiosidade e inconsciência.

01/01/2015. Mais uma morte. Sete jovens rapazes de Nova Delhi vieram comemorar a passagem do ano neste hotel Majorda B. Resort. Depois do toque mágico da meia-noite beberam e divertiram-se como loucos. Pelas 04.30 foram dar uns mergulhos e durante longo tempo não notaram que um deles, bastante embriagado, se tinha afundado e enchido os pulmões de água. Um casal de turistas suecos sentado na areia, viu um vulto a flutuar e acenou desesperadamente para os restantes seis e apontou para o corpo sem vida.

07/01/2015. Lembrei-me hoje de um caso bastante triste, ocorrido em fevereiro de 2008. A britânica Fiona, uma hippie cinquentona e mãe irresponsável de 9 filhos de quatro homens, é bastante conhecida nas praias de Goa, dado que ela efetuava viagens frequentes e passava longas temporadas fugindo do inverno europeu. A filha mais velha, Scarlett de 15 anos, só podia ser produto da educação e do exemplo da mãe que tinha. Nessa tenra idade ela já sabia o que era a droga, o sexo e álcool em excesso. Um guia goês de nome Júlio Lobo dez anos mais velho e sem escrúpulos fui um dos que com ela manteve relações. Um dia a mãe Fiona conheceu mais um homem e com ele resolveu viajar por outros estados indianos, deixando a filha Scarlett sozinha na pensão onde viviam. Outro conhecido dela, Samson d’Souza aproveitou a ocasião e passou a namorá-la. Dias depois o corpo sem vida da Scarlett foi encontrado numa zona pouco frequentada da praia de Anjuna. Embora interrogados, Júlio, Samson e outros suspeitos não foram presos por falta de provas.

03/02/2015. A 300 metros do Resort fica a Cardozo's Lodge (Pensão) que é frequentado por turistas indianos e jovens ocidentais de mochila às costas. O homem da receção confidenciou-me que um dia apareceu um casal construído por um jovem (Paulo S.) de 20 anos e uma mulher (Valéria F.) de 40 anos, ambos goeses. Passaram só uma noite num quarto e foram-se embora com intenção de regressarem uma semana depois. Seriam mãe e filho? A senhora Sapna, encarregada da limpeza do quarto, verificou que no caixote de lixo estavam depositadas várias pequenas garrafas de Starfire Rum. Uma semana depois permaneceram também um dia e abalaram para Margão. E o mesmo tipo de lixo foi recolhido. Finalmente na terceira semana enquanto estavam hospedados, logo de manhã, compareceu um senhor de motorizada e perguntou por eles. Depois do rececionista ter confirmado os nomes, que ele indicara, ficou a espera do lado de fora. Quando o casal, depois de pagar a conta, dirigiu-se para o exterior assistiu-se a um drama. A Valéria foi abordada pelo homem e gerou-se uma gritaria que chamou a atenção dos presentes. Era o seu marido, vindo propositadamente de Mumbay (ex-Bombaim) para Goa, que acabara de a apanhar em flagrante com o amante, 20 anos mais novo. Paulo S. escapuliu-se rapidamente. O caso, muito raro em Goa, não foi divulgado pelos jornais, porém, mais tarde veio a saber-se que o casal, que tinha um filho menor, possuía residências em Mumbay e Goa e que durante a estadia em Goa a mulher se tinha apaixonado pelo vizinho mais viçoso do que o marido.

07/02/2015. Do meu posto de observação vi esta manhã uma jovem europeia solitária descer a praia em direção ao mar e ser abordada por um vendedor de postais turísticos. Ela não o atendeu e sentou-se na areia mais adiante. O vendedor, natural de Belgaum, contornou-a num largo círculo e sentou-se ao lado dela, depois murmurou-lhe algo ao ouvido e começou a acariciá-la nas costas. Aguardei que ela gritasse e o expulsasse, mas para minha grande surpresa, ela manteve-se quieta, saboreando, deleitada, a massagem inesperada. Quem são estas jovens ocidentais, algumas carentes, que sem companhia deambulam pela Índia? Que problemas trazem na sua alma? O que se passa na Europa entre pais e filhos? Aqui nesta Índia milenária os pais passam os valores tradicionais para a nova geração. Não querem que os filhos e netos sintam um vazio dentro de si. Causa-me imensa admiração ver uma mulher ocidental sozinha a vaguear pelas estradas de Goa. O individualismo dos ocidentais contrasta com a cacofonia das famílias orientais numerosas. É vê-los aos magotes nos casamentos, aniversários, piqueniques.

15/02/2015. Hoje, antes do almoço, conheci um turista de 51 anos do estado de Rajasthan. Contou-me a lenda da princesa Mhyra do palácio de Udaipur. Nesse palácio vivia uma marani (rainha) que tinha uma filha de 10 anos chamada Mhyra. A pequena não tinha amigos nem irmãos e brincava sozinha. Um dia, da sua janela, ouviu um rufar de tambor e viu um homem montado num cavalo. A mãe explicou-lhe que era um homem a procura de uma noiva. Para quê? “- Para – disse a mãe- o homem poder brincar com ela.” Mhyra na sua inocência replicou que queria também um noivo com quem pudesse brincar. A marani enfatizou que ela era nova para tal. Contudo, Myra foi ao seu quarto e diante da estátua do deus Krishna pediu-lhe que fosse noivo dela e executou uma dança oriental. E assim aconteceu todos os dias até completar os 15 anos. Krishna, a estátua, era o seu noivo e ela não confiava em mais ninguém. Quem não gostou foi o marajá (rei),pois ela estava na idade de se casar e recusava-se a aceitar outro homem, o que era considerado um escândalo no reino. Como ela não cedia, o marajá resolveu matá-la e enviou-lhe um cofre com duas cobras venenosas. Quando ela o abriu as cobras transformaram-se em joias. Inconformado o soberano manda-lhe um copo com veneno do qual não surtiu qualquer efeito. Finalmente soube o que se passava no quarto dela. Depois da oração e início da dança a chama diante da estátua crescia e transformava-se em Krishna que bailava com ela até a madrugada. Então o marajá magicou um plano mais ousado. Convidou a filha visitar o templo de Khatiawar, dedicado a Krishna, onde dois sicários estariam preparados para a assassinar. Mal ela chegou junto da estátua pediu-lhe para dançar consigo. Nesse momento, quando os criminosos saíram do esconderijo e avançaram para ela, o ídolo de Krishna ganhou vida, abraçou-a e os dois sumiram-se por entre as lajes. Os soberanos e o séquito assistiram boquiabertos ao sucedido. Quando levantaram as lajes a única coisa que encontraram foi um pedaço do véu da Mhyra que nunca mais foi vista. Esta lenda rajputhana perdura há uns 300 anos...»

 

 

 

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