Portugal ( Alentejo) igual ao Catar dos muçulmanos
Uma emigrante filipina G. conta que trabalha das 8h às 23h todos os dias. Ela limpa, ajuda a preparar a comida e cuida das crianças.
Ela come o que sobrou da alimentação da família e diz que não tira folga desde que começou, há 18 meses.
"A senhora é louca", diz G., uma mulher filipina na casa dos 40 anos, sobre seu empregador. "Ela grita comigo todos os dias."
Há cerca de 160.000 trabalhadores domésticos estrangeiros no Catar, de acordo com dados de 2021 da Autoridade de Planeamento e Estatística do Catar
Em 2017, o Catar introduziu a Lei dos Trabalhadores Domésticos, que limita a jornada de trabalho a 10 horas por dia e exige pausas diárias, folga semanal e feriados remunerados.
Em 2020, também introduziu um salário mínimo e deu aos trabalhadores o direito no papel de mudar de emprego ou deixar o país sem pedir permissão
No entanto, a Amnistia Internacional diz que essas leis não foram implementadas ou aplicadas adequadamente e que o excesso de trabalho, a falta de descanso e o tratamento abusivo e degradante continuam.
Joanna Concepcion, da Migrante International, uma organização de base que apoia os trabalhadores filipinos no exterior, diz que muitos se calam sobre as más condições de trabalho porque ganhar dinheiro para suas famílias é sua principal prioridade.
Mas quando as pessoas nos estados do Golfo se sentem confiantes o suficiente para falar livremente, diz ela, muitas vezes mencionam abusos graves. Uma mulher disse que seu patrão enfiava a cabeça dela em um vaso sanitário e negava comida e água quando ele estava com raiva.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve há dois anos 35 pessoas pertencentes a uma rede criminosa que contratava trabalhadores estrangeiros para agricultura no Baixo Alentejo, confirmou à Lusa fonte policial.
Segundo a mesma fonte, esta rede era formada por estrangeiros, nomeadamente famílias romenas, e alguns portugueses que lhes davam apoio.
"As várias dezenas de vítimas de nacionalidades romena, moldova, marroquina, paquistanesa e senegalesa eram contratadas para explorações agrícolas em Beja, Cuba e Ferreira do Alentejo entre outros locais", avançou a fonte.
A PJ realizou hoje 65 buscas domiciliárias e não-domiciliárias que culminaram na detenção de 35 pessoas, maioritariamente homens.