Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha. (* profit=lucro)
Dizem os retornados que, durante o regime de Salazar, a economia e as cidades em Moçambique e Angola cresciam mais do que as da metrópole. Mas não acrescentam que isso se devia a mão-de-obra barata ou quase escrava.
Como já não temos colónias, há que trazer para cá esses trabalhadores quase escravos.
O presidente da Câmara de Odemira denunciou há dois anos às autoridades a situação de muitos trabalhadores migrantes no concelho. As suspeitas de tráfico de pessoas e escravatura estão a ser investigadas pela Policia Judiciária
O autarca José Alberto Guerreiro fala em máfias instaladas que compram casa e carros em dinheiro vivo.
As autoridades já identificaram no concelho de Odemira (Beja) um total de 22 situações de alojamento de trabalhadores agrícolas com deficiências, por falta de salubridade ou sobrelotação.
A revelação foi feita pelo autarca de Odemira, como conta o jornalista da Antena 1 Mário Antunes.
O presidente da Câmara Municipal de Odemira, José Alberto Guerreiro, estimou hoje que "no mínimo seis mil" dos 13 mil trabalhadores agrícolas do concelho, permanentes e temporários, "não têm condições de habitabilidade".
"Este ano, estamos a falar de seis mil, mas, mesmo que sejamos capazes de resolver dois mil, no próximo ano, estamos a falar de seis mil ou sete mil, outra vez", alertou o autarca, no final de uma reunião da `task force` do concelho que acompanha a situação da pandemia de covid-19.
Segundo o autarca, em relação a estes trabalhadores, o concelho de Odemira, no distrito de Beja, tinha, em março deste ano, "cerca de 10 mil pessoas a descontar para a Segurança Social", às quais se juntam "no mínimo três mil" que chegam para o "pico das colheitas", citando dados das associações de agricultores.
"No mínimo, são seis mil que não têm condições de habitabilidade, porque já temos três mil", de forma permanente, sublinhou.
José Alberto Guerreiro salientou que esta situação "não pode ser acometida a um município com a escala e a dimensão de Odemira", considerando, por outro lado, que "o fenómeno não pode crescer ilimitadamente, porque o território também tem limites".
"Temos que tentar fazer algum equilíbrio neste território para que a vida ambiental e económica, mas também social, possa ter tranquilidade e possamos ajudar o país e a economia em geral, mas com sustentabilidade", acentuou.
O presidente do município advertiu também para "um novo problema" no concelho de Odemira, "tão grave" como o da falta de condições para os trabalhadores agrícolas, que é a falta de capacidade da barragem de Santa Clara para "fornecer água a tudo".
"Na última reunião do Conselho Estratégico da Associação de Beneficiários do Mira, a principal discussão foi exatamente a água disponível na barragem de Santa Clara para efeitos de rega, que dá apenas para um ano, se não chover", adiantou.
O chefe do Governo sublinhou também que "alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com sobrelotação das habitações", relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos".